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29/1/24

Comércio exterior: desafios e oportunidades para 2024

Por

Michele Loureiro

Depois de um ano com superávit recorde no Brasil; conflitos internacionais, oportunidades de novos mercados e reformas prometem movimentar o comércio exterior em 2024.

As relações comerciais internacionais são responsáveis por movimentar grande parte da economia brasileira. Para se ter uma ideia, em 2023, foram computados mais de US$ 580 bilhões em transações de importações e exportações envolvendo empresas nacionais.

Com uma remessa recorde, as exportações cresceram 1,6% e somaram US$ 339,7 bilhões, enquanto as importações recuaram11,7% na comparação anual e foram de US$ 240,8 bilhões. Com isso, o Brasil registrou a balança comercial com o maior superávit da história (desde o início da série, em 1989), de US$ 98,8 bilhões em 2023.

Os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) mostram que o saldo positivo superou o de2022 em 60,6%. Naquele ano, o Brasil registrou superávit de US$ 61,5 bilhões. Segundo o Ministério, o resultado ajuda a alavancar a economia brasileira e a ampliar as reservas internacionais.

Depois de um ano com relações comerciais positivas, o Brasil se prepara para novos desafios neste ano. A projeção do governo é de queda de 4,5% no saldo da balança comercial, que deve fechar o ano em US$ 94,4 bilhões. A redução do superávit está relacionada à previsão de aumento de 5,4% no valor importado em 2024. Por outro lado, o Ministério diz que as exportações devem atingir um novo recorde, chegando a US$ 348,2 bilhões para este ano.

Fazer previsões é um desafio, uma vez que o cenário internacional e a economia doméstica são difíceis de antecipar. Mesmo assim, além das estimativas do governo, outras frentes já dão pistas dos rumos do comércio exterior nesse ano. Confira a seguir uma lista de fatores, mapeados pelo Blog Ouribank, que devem estar no radar dos empresários importadores e exportadores.

Conflitos militares

Os conflitos militares levam a uma instabilidade no mercado internacional e, sem previsão de resolução, devem continuar influenciando o comércio mundial. Apesar de uma participação pouco expressiva no comércio e na produção mundial, Rússia e Ucrânia eram grandes fornecedores de commodities, cujo abastecimento continua ameaçado pela guerra. Os impactos econômicos são observados com um aumento nas vendas de commodities por parte de outros países, como o Brasil, que vem usufruindo de alta tecnologia para aumentar a produção.

As relações conturbadas entre Estados Unidos e China também entram no contexto de novos mercados para o Brasil. No ano passado, por exemplo, a produção nacional de milho superou a dos Estados Unidos, o que não acontecia desde 2013. A previsão é que o Brasil siga como importante ator e responsável pelo fornecimento de grandes quantidades de commodities. 

Novas oportunidades de mercado

Os Estados Unidos suspenderam a proteção comercial que impedia ou sobretaxava as importações de tubos de aço produzidos no Brasil. De acordo com a secretaria de Comércio Exterior, a decisão já está em vigor e é uma medida positiva para as exportações brasileiras.

Como uma medida de proteção do mercado interno, os Estados Unidos taxam importações de tubos desde 1992, cobrando103,4% sobre o valor do produto. Segundo o governo, apenas o Brasil foi excluído da lista de exportadores taxados.

Novos acordos internacionais

Na lista de perspectivas também entram as assinaturas de novos acordos comerciais. O Brasil está em conversa comercial com diferentes blocos e países, e isso deverá ter um resultado mais efetivo em2024, principalmente em decorrência da entrada da diplomacia brasileira para o desenvolvimento do fluxo do comércio exterior e atração de novos investimentos. Atualmente, o Brasil preside os blocos BRICS e Mercosul, e isso deve dar ainda mais força nessas negociações.

Apesar dos contratempos nos últimos anos, uma das assinaturas mais esperadas é o Acordo Comercial entre Mercosul e União Europeia (UE). Sendo esse acordo ratificado, o Brasil passará a ter acesso preferencial ao mercado dos 27 países membros do bloco europeu. Se isso avançar, há uma expectativa de aumento na geração de empregos e um substancial aumento no volume de exportação por parte dos países envolvidos.

A estratégia de alavancar o comércio exterior por meio de acordos já rendeu resultados no último ano. Para se ter uma ideia, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), por intermédio da Secretaria de Comércio e Relações Internacionais (SCRI), fechou 76 novos acordos comerciais com 38 países em 2023, o que representa um recorde para o setor do agronegócio brasileiro.

Impacto das reformas

As reformas estruturais também vão impactar a área de comércio exterior. A expectativa é pela melhora da competitividade no mercado internacional, por meio das reformas trabalhista e tributária. Com as últimas aprovações dentro do Congresso Nacional, a reforma tributária abre novas perspectivas para as empresas ao reduzir a burocracia e os valores de impostos dentro da cadeia de transformação industrial. Por outro lado, há pontos de atenção como a necessidade de qualificação da mão de obra e melhorias no processo logístico.

Entre os objetivos da proposta da reforma tributária está a possível criação de duas formas de arrecadação de impostos, sendo eles: a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), que terá sua receita administrada pela União; o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) com a receita administrada pelos estados e municípios. A proposta da reforma tributária também inclui a criação de mecanismos para assegurar os benefícios existentes na Zona Franca de Manaus e das Áreas de Livre Comércio, por meio dos regimes aduaneiros aplicado sem áreas especiais.

Existe uma visão positiva por parte do governo e de alguns setores privados, com a perspectiva da unificação, acreditando que isso irá trazer competitividade e maior transparência, pois o consumidor saberá quanto pagará de imposto em seu produto, além da facilidade na tributação e segurança jurídica. A expectativa com a unificação é uma redução no Custo Brasil, que hoje consome em torno de 38% do lucro anual das empresas com o pagamento de impostos, o que equivale a cerca de R$ 1,7 trilhão (dados de 2023- equivalente a 19,5% do PIB nacional), segundo dados elaborados pelo Movimento Brasil Competitivo (MBC).

Eleições na Argentina 

O novo governo argentino é uma das principais preocupações do comércio exterior.  A Argentina, que é um dos maiores parceiros comerciais do Brasil dentro do Mercosul, vive um momento de incertezas que pode impactar a relação. A maioria dos analistas não espera uma ruptura nas relações comerciais argentinas deforma abrupta, porém pode haver uma nova formatação em relação ao Mercosul, bem como uma busca mais individualizada de acordos, que não considere o bloco nessas negociações.

Em suma, os empresários brasileiros podem esperar desafios e oportunidades para o comércio exterior e contar com as ferramentas do Ouribank para auxiliá-los em todos os momentos e ajudá-los a expandir fronteiras e abrir os negócios para o mundo.

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